Capítulo 1
Origem dos cuidados paliativos
A filosofia paliativista começou na Antiguidade, nas primeiras definições sobre o cuidar, onde o foco seria alívio dos sintomas e do sofrimento. No período da Idade Média, durante as Cruzadas, hospices (hospedarias, em português) eram comuns de se achar, pois abrigavam não somente os doentes e moribundos, mas também os famintos, mulheres em trabalho de parto, pobres, órfãos e leprosos. Esta hospitalidade tinha como finalidade o acolhimento, a proteção e o alívio do sofrimento, mais do que a busca pela cura.
No século XVII, São Vicente de Paula, padre francês, fundou a Ordem das Irmãs da Caridade em Paris e também diversas casas para órfãos, pobres, doentes e moribundos essas casas possuíam características de hospital, mas seus cuidados eram voltados para o controle da dor e o espiritual.
Você sabia?
A história dos cuidados paliativos na era Moderna tem origem no Reino Unido, década de 60, com Cicely Saunders, que se destacou, pois dedicou sua vida ao alívio do sofrimento. Graduada em enfermagem, serviço social e medicina, fundou em 1967, em Londres, o St. Christopher´s Hospice, que oferecia o cuidado integral para o paciente, e foi o primeiro da época, no qual uma equipe de profissionais realizava o controle de sintomas, alívio da dor e do sofrimento psicológico.
Curiosidade: O St. Christopher's Hospice, fundado por Cicely Saunders, está em atividade até os dias atuais e foi o local onde Cicely faleceu em 2005.
Importante: O hospice é considerado tanto um local, como também uma filosofia de cuidado na terminalidade da vida, que reconhece e cuida com respeito dos sofrimentos globais, isto é, do corpo, da mente e do espírito.

"O sofrimento só é intolerável quando ninguém cuida."
Cuidados paliativos nas Américas
Na década de 1970, os cuidados paliativos chegaram nas Américas, através de Elisabeth Kübler-Ross, psiquiatra suíça radicada nos Estados Unidos, que teve contato com os trabalhos de Cicely Saunders em Londres.
Saiba mais!
O primeiro hospice das Américas, foi fundado na cidade de Connecticut nos Estados Unidos, por volta de 1974 a 1975. Desde então, esse movimento foi expandido para diversos países
Cuidados paliativos no Brasil
No Brasil, os CP iniciaram na década de 1980 e cresceu significativamente a partir do ano 2000, sendo o ano de um dos maiores reconhecimentos para os cuidados paliativos, através da aprovação da normatização nacional para a organização e implementação dos serviços de cuidados paliativos, bem como o reconhecimento da medicina paliativa como uma especialidade.
Essa abordagem vem ganhando espaço no Brasil, especialmente na última década. Recentemente, a maior conquista para os cuidados paliativos foi a aprovação da Política Nacional de Cuidados Paliativos, pelo Ministério da Saúde, na Comissão Intergestores Tripartite, que prevê a garantia de suporte aos pacientes adultos e pediátricos do SUS, desde o diagnóstico até a fase final.
Ademais, a Política Nacional de Cuidados Paliativos foi aprovada no Brasil em um momento, no qual o país ocupa o penúltimo lugar no quesito qualidade de morte, dentre 81 países estudados, segundo o relatório internacional publicado em 2022 no Journal of Pain and Symptom Management. Para que essa avaliação seja feita, são levadas em consideração as políticas públicas, qualificação de equipes, educação da população a respeito dos cuidados paliativos, acesso à medicação e outros fatores.
Vamos aprender!
Assista ao vídeo da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP): o impacto gerencial da implantação de Cuidados Paliativos no sistema de saúde.
Assista também ao vídeo da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP): o equilíbrio é a grande arte dos Cuidados Paliativos.
Vamos Fixar?
A respeito da história dos cuidados paliativos na era Moderna, quem foi a pioneira no desenvolvimento do movimento hospice moderno?
Pergunta 1 de 3
IMPORTANTE:Para você avançar para o próximo capítulo você precisa responder as questões acima.
Dicas de leitura
ARRIEIRA, Isabel Cristina de Oliveira. Integralidade em cuidados paliativos: enfoque no sentido espiritual. 2015. 166f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2015. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/pgenfermagem/files/2015/10/TESE-Isabel-Cristina-de-Oliveira-Arrieira.pdf Acesso em: 20 nov. 2024.
BRASIL. Ministério da Saúde. Comissão Intergestores Tripartite. Resolução Nº 729, de 07 de dezembro de 2023. Dispõe sobre a aprovação da Política Nacional de Cuidados Paliativos no âmbito do SUS (PNCP). Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 jan. 2024; edição 10, seção 1, p. 46. Disponível em: https://www.gov.br/conselho-nacional-de-saude/pt-br/acesso-a-informacao/legislacao/resolucoes/2023/resolucao-no-723-1.pdf/view Acesso em: 05 dez. 2024.
FLORIANI, Ciro Augusto; SCHRAMM, Fermin Roland. Casas para os que morrem: a história do desenvolvimento dos hospices modernos. Hist. cienc. saúde-Manguinhos, v. 17, n. 1, p.165-180. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-59702010000500010 Acesso em: 30 out. 2024.
MACIEL, Maria Goretti Sales. Definições e princípios. In: OLIVEIRA, Reinaldo Ayer de. (Org.) Cuidados Paliativos. São Paulo, SP: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2008. 689 p. MATSUMOTO, Dalva Yukie. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e princípios. In: CARVALHO, Ricardo Tavares de; PARSONS, Henrique Afonseca. (Org.) Manual de Cuidados Paliativos. São Paulo, SP: Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), 2012. 23-30 p. Disponível em: https://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf Acesso em: 05 nov. 2024.